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Hoje estava cansada, as horas de sono foram escassas, o descanso ainda menos, passar o dia no IPO não é agradável, ver todas aquelas pessoas com problemas e eu sem puder fazer nada, custa estar ali e sentir-me sempre tão impotente, mas é o meu dever enquanto neta, seguir e levar os meus avós onde quer que seja e hoje era preciso consultar um médico. Enfim…depois de horas “enclausurada” num hospital o regresso a casa soube como uma lufada de ar fresco, deixei-os em casa e decidi passar só para te ver, só para dar um beijinho, mas quando entrei vi que mais alguém teve a mesma ideia, ou melhor, alguém fez o que não consegue deixar de fazer, visitar-te, mesmo que isso aumente a dor delas – a tua mãe e a tua avó – tão fortes, umas guerreiras, mas hoje tão fracas e frágeis, com a tua ausência. “Está quase a fazer um mês” – disse-me a tua mãe com um olhar baixo e triste, só consegui responder “e parece que já foi há tanto tempo”, as saudades que sinto são tantas, parece que passou uma eternidade, preciso de te ver, de te tocar, de te ter por perto. Elas retiraram-se… eu fiquei!
Como sempre sentei-me a olhar para ti e falei, contei-te como tinha sido o meu dia, pedi desculpa por só ter ido ter contigo hoje, nesta semana - mas não pude e tu sabes bem que estás sempre comigo, não preciso ir todos os dias aí para me lembrar de ti – e continuei a falar, das saudades que sinto, da força que preciso que transmitas às pessoas que te amam, elas precisam de ti para ajudar a aliviar este sentimento de perda – tu foste e contigo foi metade de cada uma dessas pessoas, é difícil para nós viver com meio coração não achas? Mas cá vamos andando, por ti, porque sabemos que estás a olhar por nós, que não vais deixar que mais nada de mal aconteça a quem te quer bem. Confessei-te também que não tenho medo de morrer, nunca tive, e ia ter contigo, mas pedi que olhasses pelos que me são queridos e não deixasses que nada lhes acontecesse. Não foi bem um pedido, no fundo eu sei que irias fazer isso sem que te pedisse. Pareço doida, mas faz-me tão bem ficar ali, sentada ao teu lado a falar – eu sei que me ouves e tantas vezes dás-me resposta – é como se estivesses ali à minha frente e na verdade eu sei que estás, estás sempre. Também me ri ao lembrar as asneiras que juntos fizemos e a tua maneira atrevida de ser, deste-me uma palmada na primeira semana de aulas, sem me conhecer de lado nenhum e ainda foste capaz de dizer “Desculpa, sou o Moreto!”- com aquele sorriso maroto tão característico. És único, tenho saudades do teu “olá jeitosa”, tenho saudades tuas meu D’Juan. Estás sempre comigo, sabes bem*